eua – Coquetel Kuleshov

28 de fevereiro de 2023 Vincent Sesering cinema, crítica

TÁR, Todd Field, 2022

Crítica de Tár, filme de 2022 dirigido por Todd Field e estrelado por Cate Blanchett e Nina Hoss indicado a seis oscars e ambientado no submundo da música clássica internacional.

13 de novembro de 2022 Vincent Sesering cinema, crítica

Água negra, Walter Salles, 2005

Texto sobre o filme Água Negra, refilmagem de um filme de terror japonês de mesmo nome estrelado por Jennifer Connelly, Tim Roth, Dougray Scott e John C. Reilly sobre uma mãe que muda com a filha para um prédio antigo de apartamentos e é atormentada por uma presença estranha.

$Não se preocupe, querida infelizmente fica marcado pela picuinha dos bastidores, que no fim tem muito a ver com a falta de talento de um ator chave para o peso dramático do filme, mas acho que o que mais ‘unifica’ as questões problemáticas aqui é que ele é um passo maior que a perna tanto para a sua diretora quanto para o jovem intérprete e cantor da vez, Harry Styles. Isso porque a ideia do projeto tem muito a ver com uma exploração fantasiosa da ideia dos anos dourados dos EUA do pós-guerra, mas também com questões mais complexas e de muitas camadas que se escondem nessa premissa. É um filme dramático mas também é algo como uma ficção social filosófica e complexa em sua ideia. Uma obra que, de muitas formas, requer uma exploração mais minuciosa, particular e interessante dos temas e das situações para que não fique relegada àquele ‘efeito black mirror’ de achar que para o impacto basta uma reviravolta bem colocada. O filme falha em esconder esse twist de roteiro, falha em explorar os siginificados, as metáforas, as alegorias de tudo. Porque não parece existir nada de muito específico para a ilustração das ideias que não venha das escolhas mais óbvias possíveis para concretizar certas coisas. A música bem colocadíssima, a ideia do mundo de guerra-fria que conta com a ignorância da população como parte central do bem estar da comunidade, o lugar ‘de mulher’ e dos homens em tal sociedade. Tudo posto da forma mais rasa possível e, se comparado a filmes e séries que tratam disso, se empalidece. Tanto em casos da recriação desse mundo passado (como Mad Men) quanto em se tratando de evocar essa ideia do subúrbio aparentemente perfeito (como, sei lá, Pecados Íntimos) Pra além disso, quando a obra necessita de algo que materialize o outro lado disso tudo. A questão mais, digamos, fantasiosa, que é parte essencial desse desenrolar. Isso é feito pelos mesmos esforços óbvios como o uso dos sonhos ou dos elementos da alucinação (o balé em preto e branco). Ou mesmo num abuso da ideia de movimentos circulares que denunciam que existe um ciclo vicioso ali. Esforços estes que denunciam não uma cineasta que não é talentosa mas que parece possuir em mãos algo mais complexo do que ela parece ter interesse em lidar. Embora o filme possua um núcleo duro muito sólido que poderia carregar e salvar tudo: a capacidade de Wilde em criar uma dramaturgia que se sobressai aos provlemas. Numa cena de um jantar onde a personagem de Florence Pugh, Alice (Alice, hã... sacou?), recebe os vizinhos em casa, fica muita clara essa capacidade de construir o poder dramático da cena dependendo apenas de um bom uso da decupagem dos planos e dos diálogos bem feitos. O textual e o subtextual dançam esse balé que é até hipnótico. Inclusive pelo talento da protagonista e do conflito que existe entre ela e o melhor Chris (Pine), que é meio que o gênio por trás de tudo aqui. Nesse momento a gente percebe sem precisar explicar demais tudo o que a falta de eloquência de Styles descreveu numa coletiva de Imprensa do festival de veneza. Porque em sequências assim, Não se preocupe querida realmente “parece um filme, sabe... ir ao cinema, um filme, tipo, a razão de ir ver isso numa tela grande”. Mas falando nele, e falando na parte essencial da cena descrita, que é o talento dos intérpretes que se confrontam, é triste perceber o quão desfavorável é a presença do ator em um papel que exige uma capacidade dramática que ele não tem. Jack é um homem complexo assim como muitos dos personagens dessa obra e que opera por camadas que exigem do intérprete a demonstração dessa profundidade toda. Um homem fraco e emasculado mas que no fundo é sensível, mas que também pode ser perigoso, mas que também é frio o suficiente para tomar algumas decisões mas que também não consegue se controlar mas.... Atuação é difícil de julgar e de entender, só que fica dolorosamente claro quando alguém está tentando ir além de suas próprias limitações. Ainda mais quando é o caso de que, nos mesmos espaços, nas mesmas cenas, um elenco estrelado e talentoso toma conta da dramaticidade daquilo. E a impressão aqui é que tudo o que há de mais sólido é sustentado por Pugh enquanto tudo o que há de mais frágil decai ao redor de Styles. O que de algum jeito acaba denunciando essa espécie de “ausência artística” de quem dirige. Porque sem a presença de alguém para dosar essas coisas, a obra acaba implodindo sobre as próprias premissas.$

14 de outubro de 2022 Vincent Sesering cinema, crítica

Não se preocupe, querida, Olivia Wilde, 2022

Crítica de Não se preocupe, querida, filme dirigido por Olivia Wilde e estrelado por Harry Styles e Florence Pugh que estreou no festival de veneza de 2022 sobre uma dona de casa dos anos 1950 que mora em uma comunidade que esconde alguns segredos.