É algo como um episódio de Black Mirror sem o onanismo filosófico adolescente da série de TV. Que se permite até mesmo se divertir com a questão violenta de gênero. Algo como uma iteração em A.I. de A Órfã, terror de 2009 sobre uma criança sádica que não era uma criança comum.

Nessa toada, M3gan funciona muito a partir das bizarrices da boneca robótica interpretada duplamente por uma atriz que se movimenta (Amie Donald) e outra que fala (Jenna Davis). E quando ela “ativa” o modo exterminador do futuro da geração Z, com direito a dancinhas combinadas com assassinatos brutais, o filme meio que se justifica. Mas é o fato dele nunca decidir se quer ser sério ou não que suga o potencial de tudo. A falta de jeito de Gerard Johnstone para criar qualquer coisa de interessante para além de uma premissa de roteiro também não ajuda. 

Dia desses vi num texto de Sérgio Alpendre ele falando da ideia que o naturalismo está matando o cinema brasileiro. Exagero. Mas enfim: para o cinema de terror americano, acho que esse veneno é a confiança cega no poder temático e de premissa como estrutura que pode abarcar tudo. Como se a boa ideia bastasse. (não basta)

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