Nem dos melhores dessa ou de qualquer fase de Schrader nem dessa ou qualquer fase de Cage, Vingança ao Anoitecer funciona bem dentro de sua proposta de um filme de espião ou de ação disfarçado de comentário político deliberadamente raso ou vice-versa.
É uma exploração de um personagem desencantado. Que na frente dos recrutas da CIA é quase a própria caricatura do tio Sam chamando os jovens para o esforço de imperialismo dos EUA mas que por debaixo de tudo não aguenta mais. Preso a uma missão que lhe dá alguma razão de permanecer vivo numa caçada a um homem que o torturou no passado.
Soa de alguma forma como um filme irmão da versão de Herzog de Vício Frenético quando usa a presença de Cage e a sua força de não conter muito bem seus impulsos corporais para tornar esse protagonista um avatar dos temas daqui. Mas não chega perto do que o filme sobre Nova Orleans consegue.
Aqui, talvez pelos traços minimalistas do diretor, tudo fica muito mais distanciado e mais burocrático e de má vontade. Como se o sentimento crítico e aborrecido do cineasta se traduzisse num filme que é preciso uma construção política do que ele quer dizer mas que parece fazer todo o resto (no caso o drama) só por uma certa obrigação.
Dessa parte, sobra ao menos uma criatividade pitoresca na forma como um personagem finaliza o outro com um só dedo no final das contas.
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dying of the light, eua, 2014
direção: paul schrader
roteiro: paul schrader
fotografia: gabriel kosuth
montagem: tim silano
elenco: nicolas cage anton yelchin alexander karim irène jacob aymen hamdouchi tomiwa edun claudius peters robert g. slade derek ezenagu geff francis tim silano silas carson șerban celea david lipper ovidiu niculescu